A História da Ferrovia

Fundada na Alemanha em 1906 e colocada em tráfego em 1909, a  Estrada de Ferro Santa Catarina – EFSC – desempenhou importante papel na colonização  e desenvolvimento do vale do Itajaí  ao longo de 62 anos, num momento em que eram péssimas as comunicações rodoviárias.  Mediante a  gradativa melhora do sistema rodoviário, foi considerada obsoleta e desnecessária, sendo desativada em 13 de  março de 1971 por decisão do governo federal Brasileiro.


Ao longo deste  período de 62 anos de história, perdeu o status de “ ferrovia alemã”, devido a ocorrência da primeira guerra mundial, foi nacionalizada e  arrendada ao governo estadual catarinense que a administrou ao longo de 39 anos. Devolvida ao  governo federal  em 1959, seus últimos 12 anos de atividade foram marcados pela sua gradual decadência.

Ao  longo de sua existência, foi dotada de necessários  prolongamentos, os quais contam a história de  diferentes  períodos da  engenharia ferroviária, destacando-se o trecho alemão de 1909,  o trecho da serra de Subida no período de 1923 a 1929, o trecho de Lontras a Barra Trombudo de 1931 a 1937,  o trecho Blumenau – Itajaí  com as monumentais obras da saída de Blumenau que remontam às décadas de 1935 a 1950  e  por fim as  obras com tecnologia já mais modernizada das  décadas de  1950 a 1965 nos prolongamentos a oeste de Rio do Sul.

Infelizmente a desativação da  ferrovia e sua posterior erradicação em 1982,  condenou ao esquecimento a grande maioria das suas marcantes obras de arte e estações. Caía no esquecimento também o próprio traçado da ferrovia, urbanizado e transformado em via rodoviária em diversos pontos. Muitas estruturas, por sua vez,   foram adaptadas ao uso rodoviário; menos mal, pelo menos foram preservadas, porém,  as novas gerações, por desconhecimento histórico,  ignoram suas origens e desconhecem a grandiosa historia desta importante ferrovia para o Vale do Itajaí. Após sua erradicação, este esquecimento era incômodo  na alma de alguns poucos.

A PRESERVAÇÃO – O RESGATE DA MEMÓRIA DO NOSSO TREM

Em 1988, um grupo de preservacionistas  reuniu-se em Indaial – SC  para discutir e achar soluções para  o descaso  e o esquecimento em que se encontrava a memoria da EFSC. Havia uma motivação para isto. Em 1977, o francês Patrick Henri Ferdinand Dollinger  havia fundado em São Paulo – SP a  Associação Brasileira  de Preservação Ferroviária – ABPF – que se mostrava como uma luz no fim do túnel para o  descaso  com a   memoria ferroviária  Brasileira. O fundador Patrick ensinava que a  memoria das ferrovias devia ser resguardada não apenas em museus estáticos, do qual a EFSC também carecia, mas também  sob a forma de  museus vivos,  em pequenos trechos ferroviários remanescentes. O grupo do vale do Itajaí passou a perseguir este ideal.

Ao longo dos anos o movimento preservacionista ferroviário ganhou força no Brasil e também em  Santa Catarina. Em 1993, sob liderança de Ralf Ilg,  fundava – se  em Rio Negrinho, a Regional Santa Catarina da ABPF com associados do Vale do Itajaí e do Norte Catarinense. Em outubro de 1995, sob liderança de Luiz Carlos Henkels, o grupo do Vale do Itajaí, oficializava o Núcleo Regional Vale do Itajaí – NuRVI.  Em abril de 1997, com o apoio da  ABPF,  chegavam ao vale do Itajaí quatro vagões e a locomotiva destacados para, após sua restauração,  servirem  de “museu vivo da EFSC “. Inicialmente  depositados em Indaial, em 1999, esta composição foi levada a Rio do Sul, onde o prefeito Nodgi Eneas Pellizzetti, se interessara pela ideia do trem turístico –cultural  e    prometera apoio para a  restauração do material através do empresariado local.  Faria também a gestão política para obtenção e revitalização do trecho da serra de Subida. O ideal do NuRVI começava a se materializar.

A partir de então parcerias foram criadas objetivando o ideal comum. Entre estas,  destacamos o patrocínio do empresariado regional, da imprescindível parceria da Fundação Tremtur especialmente  criada para se conseguir mais parcerias, conseguir o apoio político e financeiro ao empreendimento. Destacamos o apoio da Hidrelétrica Salto Pilão que não mediu esforços para  que  compensações ambientais em função de sua instalação  no vale do Itajaí revertessem para  o projeto do trem cultural, resultando em 2,5 kms de linha revitalizada em Subida- município de Apiúna, inaugurado em 2009.

Na atualidade, o trecho revitalizado  se mantém  com os mesmos 2,5 kms trafegáveis  operado e mantido  pela  ABPF/NuRVI, graças ao  trabalho voluntario de inúmeros associados e entusiastas da EFSC, sob a dinâmica direção de Otávio Georg Junior. Centenas de  pessoas ao longo destes anos  já compareceram e se  extasiaram  com o “ museu vivo “ e com as paisagens pelas quais percorre o pequeno trecho, de grande importância histórica, onde em tempos passados,  era o entroncamento da ferrovia com o ramal que demandava a  Ibirama  e onde era o começo da subida da serra, obrigando a construção  de obras de  arte  memoráveis,  com destaque à  sinuosidade do trajeto.

Portanto,  parte do ideal  de 1988 está sendo cumprido. A EFSC já não é mais uma ferrovia esquecida e sua memoria está sendo lembrada e movimentada pela operação deste “ museu vivo “ . É  bem verdade que o curto trecho em operação precisa ser  prolongado, para mostrar mais das belas paisagens do Vale do Itajaí e mostrar um pouco mais das grandiosas  obras de arte perdidas ao longo da serra.  Quem sabe o tempo vindouro que é infinito,  permitirá aumentar este ideal.

Nossa Equipe / Quem Somos

O  “ Trem Histórico Cultural da EFSC “ é gerenciado pelo Núcleo Regional Vale do Itajaí – NuRVI –  mantido pela  Associação Brasileira de Preservação Ferroviária – ABPF – através de sua Regional Sul.  É organização sem fins lucrativos – OSCIP – que se dedica ao resgate e preservação da  história    ferroviária Brasileira.

Nossos  objetivos, no Vale do Itajaí,  são o  resgate, preservação e  manutenção da memoria    da Estrada de Ferro Santa Catarina que,  em meados do século XX,  era a importante espinha dorsal dos transportes regionais levando progresso e conforto às populações.

A  Associação funciona com trabalho voluntário de associados devidamente registrados que pagam anuidade e investem, além de seu precioso tempo particular, recursos financeiros e doações das  mais diferentes formas.

Para manter o perfeito e seguro funcionamento de  toda a estrutura, necessário se faz também a contratação de colaboradores  para a realização de tarefas que requerem especialização, seja no atendimento ao visitante, manutenção da via férrea ou mecânica pesada, o que requer custo adicional.

Os  passeios mensais promovidos pela entidade além de promover e alavancar  o turismo regional são  a única  maneira de angariar fundos para a manutenção do trem e  de toda a estrutura.

A nível nacional, a entidade foi fundada em 1977 em São Paulo, pelo Francês, naturalizado Brasileiro, Patrick Henri Ferdinand Dollinger. Atualmente   congrega  mais de 3.500 associados no Brasil e além fronteiras. Sua sede nacional é na cidade de  Campinas – SP e a  sede da Regional Sul é na cidade de Rio Negrinho – norte de  Santa Catarina.

No Vale do Itajaí, o Núcleo  mantém parceria com a Fundação Estrada de Ferro Vale do Itajaí – TremTur.